sexta-feira, 26 de março de 2010

SÃO LUDGERO


Ludgero nasceu no ano 742 em Zuilen, Friesland, atual Holanda, e foi um dos grandes evangelizadores do seu tempo. Era descendente de família nobre e, dedicado aos estudos religiosos desde pequeno. Ordenou-se sacerdote em 777, em Colônia, na Alemanha. Seu trabalho de apóstolo teve início em sua terra natal, pois começou a trabalhar justamente nas regiões pagãs da Holanda, Suécia, Dinamarca, ponto alto da missão de São Bonifácio, que teve como discípulos São Gregório e Alcuíno de York, dos quais foi seguidor também Ludgero.

Mais tarde, foi chamado pelo imperador Carlos Magno para evangelizar as terras que dominava. Entretanto, este empregava métodos de conversão junto aos povos conquistados, não condizentes com os princípios do cristianismo. Logo de início, por exemplo, obrigava os soldados vencidos a se converterem pela força, sob pena de serem condenados à morte se não se batizassem.

Como conseqüência dessa atitude autoritária estourou a revolta de Widukindo e Ludgero teve que fugir, seguindo para Roma. Depois foi para Montecassino, onde aprimorou seus estudos sobre o catolicismo e vestiu o hábito de monge, sem contudo emitir os votos.

A revolta de Widukindo foi a muito custo dominada em 784 e o próprio Carlos Magno foi a Montecassino pedir que Ludgero retornasse para seu trabalho evangelizador, que então produziu muitos frutos. Pregou o evangelho na Saxônia e em Vestfália. Carlos Magno ofereceu-lhe o bispado de Treves, mas ele recusou. Ludgero emitiu os votos tomando o hábito definitivo de monge e fundou um mosteiro, ao redor do qual cresceu a cidade de Muester , cujo significado, literalmente, é mosteiro, e da qual foi eleito o primeiro bispo.

Ludgero não parou mais, fundou várias igrejas e escolas, criou novas paróquias e as entregou aos sacerdotes que ele mesmo formara. Ainda encontrou tempo para retomar a evangelização na Frísia, realizando o seu sonho de contribuir para a conversão de sua pátria, a Holanda, e fundar outro mosteiro, este beneditino, em Werden, antes de morrer, que ocorreu no dia 26 de março de 809.

O corpo de Ludgero foi sepultado na capela do mosteiro de Werden. Os fiéis tornaram o local mais uma meta de peregrinação pedindo a sua intercessão para muitas graças e milagres, que passaram a ocorrer em abundância. O culto à São Ludgero, que ocorre neste dia é muito intenso especialmente na Holanda, Suécia, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, países cujo solo pisou durante seu ministério.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus


A festa da Anunciação, que se comemora no dia 25 de março, é uma das maiores da Cristandade, pois nela comemora-se o Mistério sublime da Encarnação do Verbo no seio puríssimo de Maria.

Desde o século V já se tem indícios da comemoração desta festividade mariana.

A esse Mistério foram dedicadas em toda a Cristandade inúmeras igrejas, mosteiros, ordens religiosas e inclusive uma Ordem Militar de Cavalaria, a da Anunciação, na França do século XIV.

Maria, a obra-prima das mãos de Deus

No Oriente, havendo uma festa especial para celebrar o papel de Nossa Senhora na Redenção a 26 de dezembro, a festa da Anunciação é considerada uma comemoração de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Encarnação do Verbo de Deus.

Na Igreja Latina sempre foi uma festa de Nossa Senhora.

Isso é bem compreensível, como explica o Doutor Marial por excelência, São Luís Maria Grignion de Montfort:

"Deus Padre só deu ao mundo seu Unigênito por Maria. Suspiraram os patriarcas e pedidos insistentes fizeram os profetas e os santos da lei antiga durante quatro milênios, mas só Maria o mereceu e alcançou graça diante de Deus pela força de suas orações e pela sublimidade de suas virtudes. Porque o mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, Ele o deu a Maria a fim de que o mundo o recebesse por meio dEla". (1)

Para nos explicar o amor de Deus por Maria, diz o teólogo dominicano francês Pe. Garrigou-Lagrange:

"O Verbo feito Carne ama todos os homens, pelos quais está preparado a derramar Seu Sangue. Ele ama de um modo especial os eleitos, e entre eles, de um modo ainda mais especial, os apóstolos e os santos. Porém, seu amor por Maria, destinada a estar mais intimamente associada com Ele em Seu trabalho pela salvação das almas, é o maior de todos. Mas Jesus é Deus. Assim, Seu amor por Ela produz na alma de Maria graças em superabundância, de modo a transbordar para as outras almas". (2)

"O Anjo do Senhor anunciou a Maria"

Narra São Lucas: "E o anjo, aproximando-se, disse-lhe: Salve, cheia de graça; o Senhor é contigo".

Nessa narração do Evangelista, simples em sua sublimidade, há um primeiro ponto a ser notado. Como bem pondera o Pe. Garrigou-Lagrange, seguindo Santo Tomás, "era conveniente que a Anunciação fosse feita por um anjo, como embaixador do Altíssimo. Um anjo rebelde causou a Queda; um anjo santo, o mais alto dos arcanjos, anunciaria a Redenção". (3)

"Não nos deve escapar", observa por sua vez um renomado teólogo norte-americano, "que o anjo omite o nome de Maria em sua saudação, e a designa somente pela graça (de que está cumulada). Isso denota que Ela era preeminente entre todas as criaturas pela prerrogativa da graça". E acrescenta: "Na Teologia católica graça é o princípio que vivifica a alma com vida e poder espiritual, e a torna agradável a Deus. ...

"O grau de graça a que havia chegado Maria estava acima de qualquer outro concedido a simples criatura" (4).

Isso porque, diz ainda o Pe. Garrigou-Lagrange, "o progresso de Maria foi o mais contínuo de todos. Ele não encontrou obstáculos, não foi impedido nem retardado por apegos ao próprio ser ou às coisas deste mundo. Foi o mais rápido de todos, porque o grau em que começou foi determinado pela plenitude de graças em Maria, e portanto suplantou o de todos os santos" (5).

"Ela turbou-se... considerando que forma de saudação era aquela"

"Há uma evidência de força e de gravidade feminina no silêncio de Maria ponderando a mensagem do anjo. Ela está perturbada, mas composta e pensativa. Que apropriada atitude de alma para receber uma manifestação da vontade divina -- ­silêncio e pensamento!" (6)

O Arcanjo Gabriel apressou-se em tranqüilizá-la, e o fez numa linguagem solene de acordo com a sublimidade de sua missão, agora a chamando familiarmente pelo nome para pô-la mais à vontade.

O futuro da humanidade dependia desse assentimento. Poderia Maria Virgem, concebida sem pecado original, recusar esse tremendo privilégio? Como não? Lúcifer, em quem também não havia pecado original, colocado ante uma escolha, disse não. Portanto Nossa Senhora, dotada do livre arbítrio como todos os homens, podia dizer sim, ou não. Se, por uma humildade mal interpretada, Ela recusasse essa graça como honra imerecida, o rumo da História teria sido outro.

"Como se fará isso...?"

Entre os judeus a mulher estéril era considerada desprezível, porque não tinha possibilidade de vir a ser a mãe do Messias. Que jovem judia teria hesitado um segundo em dar seu jubiloso consentimento à inexprimível honra de ser escolhida para mãe do Messias?

Entretanto Maria hesitou. Havia feito voto de virgindade e sabia que este tinha sido aceito por Deus. Por isso Ela "de um lado, amava seu virginal estado que a unia tão intimamente a Deus; de outro, desejava avidamente fazer a vontade de Deus. E agora Deus faz-lhe saber que Ela deve ser mãe..." (7).

Explica-lhe então o anjo como isto realizar-se-ia por acumulação, e não por exclusão. Comentando esse singular privilégio, o cantor da Virgem, São Bernardo, afirma:

"Não há senão uma só coisa na qual Maria não tem modelo nem imitadores: é na união das alegrias da maternidade com a glória da virgindade. Ela escolheu a melhor parte. E isto é fora de dúvida pois, se a fecundidade do matrimônio é boa, a castidade das virgens é melhor. Mas o que supera uma e outra, é a fecundidade unida à virgindade, ou a virgindade unida à fecundidade. Ora, esta união é o privilégio de Maria" (8).

"Faça-se em mim segundo Tua palavra"

Para felicidade não só dos homens, mas de todo o mundo criado incluindo o angélico, essa Virgem fiel disse sim. Tendo a verdadeira humildade, sabia que, se fora cumulada de tantas graças, não o fora senão por uma misericórdia e por um desígnio de Deus. Daí a sublime resposta que deu ser repetida por todos os séculos enquanto o mundo for mundo: "Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo Tua palavra".

A respeito dessa sublime resposta, comenta o Pe. Garrigou-Lagrange:

"Santo Tomás acrescenta que Seu sobrenatural e meritório consentimento foi dado em nome de toda a raça humana, que necessitava do Redentor prometido" (9). Segundo os teólogos, no momento desse sublime "fiat" deu-se a Encarnação.

E acrescenta aquele autor:

"Santo Tomás nos diz que a plenitude de graças em Maria cresceu notavelmente na Encarnação por meio da presença do Verbo de Deus feito carne. [De modo que] se Ela não tivesse sido ainda confirmada em graça, deveria sê-lo a partir desse momento (10).

O que, pouco depois, levaria Maria Santíssima, ainda abismada e extasiada em sua inexprimível ventura, ao ser louvada por Santa Isabel, irromper num sublime hino de louvor e de ação de graças: "Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador".

"Ir à Mãe, para chegar ao Filho"

Afirma São Luís Grignion de Montfort:

"A conduta das três Pessoas da Santíssima Trindade na Encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de perdurar, até a consumação dos séculos, na última vinda de Cristo. Ou seja, por meio de Maria sempre virgem".

E esclarece: "Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo que adquiriu por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis. Fê-La tesoureira de tudo que seu Pai lhe deu em herança; é por Ela que Ele aplica Seus méritos aos membros do Corpo Místico, que comunica Suas virtudes e distribui Suas graças. É Ela o canal misterioso, o aqueduto, pelo qual passam abundante e docemente Suas misericórdias". (11).

Que melhor fruto podemos tirar da festa da Anunciação do que seguir o Filho, utilizando o mesmo caminho que Ele fez para vir até nós? "O felix culpa que nos obteve um tal Salvador", diz a liturgia da Semana Santa referindo-se ao pecado original e à Redenção. Com toda a propriedade podemos nós acrescentar, "e que nos deu Mãe tão terníssima, Advogada tão poderosíssima, verdadeiro penhor de salvação e de vida eterna".

quarta-feira, 24 de março de 2010

Santa Catarina de Vadstena


Ou Santa Catarina da Suécia

Nasceu em 1331 na Suécia. Filha de Santa Brígida da Suécia. Santa Catarina foi enviada para o Convento de Risberg para ser educada. Ela desejava permanecer no convento e seguir uma vida religiosa, mas por razões de Estado, se casou com Edgard Lydersson von Kurnen, um homem inválido. Ela e Edgard fizeram os votos de celibato e ele permitia que ela fizesse tudo dentro das diretrizes da Igreja.

Catarina ficou muito triste quando seu pai faleceu e sua mãe Santa Brígida foi viver em Roma. Por algum tempo (como ela mesmo disse a Santa Catarina de Siena) ela nunca sorria. Em 1349 Edgard permitiu que ela fosse a Roma visitar sua mãe durante o Jubileu de 1350. Enquanto estava em Roma, ficou sabendo da morte de seu marido (conforme Santa Brígida havia profetizado). Ela vivia uma vida de devoção que desejava, resistindo vários pretendentes que desejavam se casar com a bela viúva. Alguns até mesmo esperavam para levá-la, a onde desejasse, de carruagem. Mas diz a tradição que perto dela sempre aparecia uma corsa para afugentar os pretendentes e um rapaz insistente chegou a ficar cego por várias horas.

Para repulsar essas pessoas, e como um ato de humildade, ela usava roupas velhas e remendadas.

Pelos próximo 25 anos as duas mulheres usaram Roma como base de uma serie de peregrinações, inclusive uma a Jerusalém. Quando em Roma elas passavam o dia em meditação, oração, ajudando os pobres e ensinando a eles a religião e os evangelhos.

Quando Santa Brígida faleceu, Catarina levou seu corpo para a Suécia enterrando-o no Convento da Ordem do Santo Salvador (Brigiditinas) em Vadstena. Catarina tornou-se Superiora da Ordem e serviu como Abadessa. Escreveu um trabalho intitulado “Consolação da Alma” (Sielinna Troest). Ela conseguiu a aprovação para Ordem em 1375.

Faleceu em 24 de março de 1381.

Foi canonizada em 1484, culto confirmado pelo Papa Inocêncio VIII.

É protetora contra os abortos.

Sua festa é celebrada no dia 24 de março

segunda-feira, 22 de março de 2010

SÃO TORÍBIO

23 DE MARÇO
São Toríbio, ou Turíbio, segundo filho do senhor de Mogrebeyo, diocese de Leon, Espanha, nasceu em 16 de Novembro de 1538. Desde a infância revelou gosto acentuado pela virtude e extremado horror ao pecado.

Encontrando um dia uma pobre mulher, acesa de cólera, justamente na ocasião em que havia sofrido uma perda, falou-lhe da maneira mais comovente sobre a falta que estava cometendo e deu-lhe, para acalmá-la, o valor da coisa que havia perdido.

Tinha terna devoção à Santa Virgem. Rezava diariamente o ofício e o rosário e jejuava todos os sábados que lhe eram dedicados. Durante o tempo em que freqüentou as escolas públicas, reservava sempre uma porção do seu dinheiro, embora pequena, para ajudar os pobres. Levava tão longe as austeridades da mortificação que houve necessidade de moderar-lhe o zelo.

Iniciou os estudos superiores em Valladolid, e terminou-os em Salamanca. O rei Felipe II, que o conheceu bem cedo, dedicava-lhe muita consideração. Recompensou-lhe os méritos com cargos destacados, fê-lo presidente ou primeiro magistrado de Granada. O santo desempenhou essas funções durante cinco anos com integridade, prudência e virtude que lhe mereceram estima geral. Era assim que Deus preparava os caminhos para sua elevação na Igreja.

O Peru tinha sido conquistado por aventureiros espanhóis e por outros que já se tinham estabelecido. Daí advirem muitos males, aos quais a religião devia dar solução. O arcebispado de Lima estava vacante. São Turíbio para lá foi enviado na qualidade de arcebispo, nomeado pelo rei. Jamais, talvez, se tenha visto escolha mais universalmente aprovada do que esta. Turíbio era tido como o único homem capaz de sanar os males da igreja daquele país. O santo sentiu-se consternado ao saber da notícia de sua nomeação. Atirou-se aos pés do crucifixo e desfeito em lágrimas rogou a Deus não permitisse que lhe impusessem um fardo que não poderia deixar de esmagá-lo. Escreveu a conselho do rei cartas em que expunha sua incapacidade em cores carregadas. Passou em seguida aos cânones da Igreja que proibia fossem elevados ao episcopado. Mas não deram atenção às cartas e necessário foi que ele desse seu consentimento. Sua humildade todavia não ficou sem recompensa. Foi para ele a fonte dessas graças abundantes cujo efeito se manifestou depois no exercício do ministério.

Turíbio quis receber as quatro ordens menores em quatro domingos diferentes a fim de ter tempo de desempenhar as funções delas. Depois recebeu as outras ordens e finalmente foi sagrado bispo. Embarcou sem demora para o Peru e desembarcou perto de Lima em 1581. Estava nessa época com 43 anos de idade. A diocese de Lima tinha cento e trinta léguas de extensão ao longo da costa e compreendia além de várias cidades, número incontável de vilas e lugarejos dispersos pela dupla cadeia dos Andes que figura entre as maiores do universo.

sao turibio_1.jpgO santo arcebispo não desesperou, absolutamente, à vista dessa imensa região, que se tornava mãos difícil pelas urzes e espinheiros. Uma prudência consumada aliada ao zelo ativo e vigoroso, simplificaram-lhe as dificuldades. Pouco a pouco conseguiu extirpar os escândalos públicos e estabelecer o reino da piedade sobre as ruínas do vício.

Imediatamente após sua chegada, empreendeu a visita da vasta diocese. Não é possível fazer-se idéia justa das fadigas e perigos que tenha suportado, Viam-no subir as montanhas escarpadas, cobertas de gelo ou de neve, a fim de levar palavras de consolo e de vida às pobres cabanas dos índios. Quase sempre viajava a pé e como os trabalhos apostólicos não frutificam senão quando Deus os auxilia, orava e jejuava sem cessar, para atrais a misericórdia divina sobre as almas confiadas aos seus cuidados.

Por toda a parte colocava pastores sábios e zelosos e procurava obter o socorro da instrução e dos sacramentos para aqueles que habitavam nos rochedos mais inacessíveis. Persuadido de que a mantença da disciplina influi muito sobre os costumes, fez disso um dos objetivos mais importantes da sua solicitude. De acordo com o concílio de Trento e um breve de Gregório XIII, estabeleceu que para o futuro, de dois em dois anos, haveria um sínodo diocesano; e, de sete em sete nos, concílios provinciais.

Com relação aos escândalos do clero era flexível, sobretudo quando se tratava da avareza. Desde que os direitos de Deus e do próximo estivessem sendo lesados, tomava a defesa deles, sem olhar para a condição das pessoas. Mostrava-se ao mesmo tempo, o flagelo dos pecadores públicos e o protetor dos oprimidos. A firmeza do seu zelo suscitou perseguições dos governadores do Peru, que, antes da chegada do virtuoso vice-rei Francisco de Toledo, não se envergonhavam de tudo sacrificar às suas paixões e aos seus interesses particulares. Não lhes opôs senão a paciência e a doçura, sem todavia nada relaxar da santidade das regras. E como alguns maus cristãos dessem à lei de Deus uma interpretação que favorecia as inclinações desregradas da natureza, lembrou-lhes que Jesus se intitulava a verdade e não o costume, e que no tribunal dele nossas ações seriam pesadas, não na falsa balança do mundo, mas na balança do santuário.

Com tal comportamento, o santo arcebispo não podia deixar de extirpar os abusos mais inveterados. Assim, viu-os desaparecerem um a um, até quase todos. As máximas do Evangelho ganharam consideração e foram praticadas com fervor digno dos primeiros séculos do cristianismo.

Turíbio para estender e para perpetuar a obra de seu zelo, conformou-se em tudo às regras do concílio de Trento, fundou seminários, igrejas, hospitais, sem querer que seu nome fosse inserto nas atas da fundação. Quando estava em Lima, visitava todos os dias os pobres doentes dos hospitais, Consolava-os com bondade paternal e lhes administrava ele mesmo, os sacramentos. Quando a peste atacou boa parte de sua diocese, privou-se do necessário, a fim de prover as necessidades dos infelizes, recomendou-lhes a penitência como o único meio de apaziguar o céu irritado. Assistiu às procissões com lágrimas nos olhos. E, de olhar fixo no crucifixo ofereceu a Deus a vida pelo seu rebanho.

A esses atos de religião, juntou orações, vigílias, jejuns extraordinários, que continuou durante o tempo em que a peste fez sentir seus malefícios. Afrontava os maiores perigos, quando se tratava de obter para uma alma a menor vantagem espiritual. Quis dar sua própria vida pelo rebanho. Estava disposto a tudo sofrer por amor daquele que resgatara os homens por ter derramado seu sangue.

Quando sabia que os pobres índios erravam pelas montanhas e nos desertos, experimentava os sentimentos do bom pastor e ia procurar as ovelhas desgarradas. A esperança de trazê-los de volta para o aprisco, sustinha-o no meio de fadigas e perigos que era obrigado a enfrentar.

Viam-no percorrer sem medo medonhas solidões, habitadas por leões e tigres. Por três vezes visitou sua diocese. A primeira visita durou sete anos, a segunda cinco e a terceira pouco menos. A conversão de grande multidão de infiéis foi o resultado delas. O santo, quando a caminho, se ocupava com orar ou coisas espirituais. Seu primeiro cuidado, chegando a qualquer lugar, era ir à igreja expandir o coração aos pés do altar. A instrução dos pobres o retinha algumas vezes dois ou três dias no mesmo lugar, embora lá faltassem as coisas mais necessárias à vida. Os lugares mais inacessíveis eram honrados com sua presença.

Em vão lhe descreviam os perigos aos quais expunha a vida. Respondia que Jesus Cristo tinha descido do céu para salvação dos homens e que um pastor devia estar disposto a todos os sofrimentos para a glória de Cristo. Pregava e catequizava com zelo infatigável. E foi para melhor desempenhar essa função, que aprendeu, já em idade bem avançada, as diferentes línguas que falavam os selvagens do Peru.

Rezava todos os dias a missa com piedade angelical, meditando longamente antes e depois dela. Confessava-se sao turibio_2.jpgordinariamente todas as manhãs, para se purificar perfeitamente das menores impurezas. A glória de Deus era o fim de toas as suas palavras e de todas as suas ações, o que fazia sua oração contínua. Não obstante tinha ainda horas marcadas, para rezar, quando, então, se retirava e conversava com Deus das necessidades suas, bem como da dos rebanho. Nesses momentos, brilhava-lhe no rosto certo êxtase. A humildade nele não era inferior às demais virtudes. Por isso, escondia as mortificações e outras obras. A caridade para com os pobres era imensa. Sua liberalidade abraçava-os indistintamente. Interessava-se, entretanto, de maneira particular pelas necessidades dos pobres envergonhados.

São Turíbio foi atacado por uma doença em Santa, cidade que dista de Lima cento e dez léguas. Estava então ocupado com a visita à diocese. Predisse a própria morte e prometeu uma recompensa a quem lhe afiançasse que os médicos já não tinham esperanças com relação a sua vida. Deu aos criados tudo quanto lhes servia para uso. Seus bens restantes foram distribuídos entre os pobres. Por vontade sua, levaram-no à igreja, onde recebeu o viático. Mas foi obrigado a receber a extrema-unção, acamado.

Repetia continuamente as palavras de São Paulo: "Desejo ser libertado das cadeias do corpo, para unir-me a Jesus Cristo". Nos derradeiros momentos de vida, fez com que os que se encontravam ao redor do leito cantassem: "Alegrai-me com o que me foi dito: Iremos para a morada do Senhor".

Morreu em 23 de Março de 1606, dizendo com o Profeta: "Senhor, em vossas mãos coloco minha alma". No ano seguinte transportaram-lhe o corpo para Lima, Encontraram-no, então, intacto. O biógrafo que relata sua vida, e os atos da canonização, diz que, enquanto vivo, ressuscitou um morto e curou vários enfermos. Após a morte, operou inúmeros milagres, por sua intercessão.

Turíbio foi beatificado em 1679 por Inocêncio XI e canonizado em 1726 por Bento XIII.

SANTA LÉIA


No ano de 384 em Roma morriam quase contemporaneamente o patrício Vécio Agorio Pretestato, cônsul designado para prefeito da Urbe, e a matrona Léia, que havia ficado viúva muito jovem e não quis contrair segundas núpcias com um rico representante da nobreza romana, para aderir às primeiras comunidades cristãs organizadas por são Jerônimo. Este havia sido caluniado de exercer um fascínio não só espiritual sobre as virtuosas matronas Marcela, Paula, Proba e Léia; não gostou das insinuações e se retirou para as proximidades de Belém levando rigorosa vida solitária. Quando soube da morte da matrona e do cônsul escreveu uma longa carta...

Essa carta é o único documento sobre a vida da santa, mas que documento! Escreve o santo doutor: “Pelo coral dos anjos ela foi escoltada até o seio de Abraão e, como Lázaro outrora pobre, vê agora o rico cônsul outrora vestido de púrpura, e que agora, não está adornado da palma mas envolvido na escuridão. Este pede a Léia que lhe deixe cair uma gota do seu dedo minguinho.” São Jerônimo gostava dos pralelismos, por isso as comparações lhe são espontâneas. Vécio Agorio passa dos esplendores da terra às trevas do esquecimento. Léia, cuja vida era considerada uma loucura, eis que segue Cristo na glória porque seguiu-o na total renúncia. Léia consagrara-se totalmente ao Senhor, tornando-se a madre superiora de muitas virgens. Trocou as delicadas vestes por um rude saco, passou noites inteiras em orações, foi mestra de perfeição mais com o exemplo que com a palavra. Sua humildade era tão profunda e sincera que se considerava escrava das outras. Sua veste desprezível, seu alimento grosseiro, não enfeitava o corpo e enquanto fazia boas obras e cumpria os deveres procurava fazê-lo de modo que não chamasse a atenção de ninguém para sua recompensa não ser nesta vida. Esse fenômeno de loucura, que a fez escolher o âmbito estreito de uma cela preferindo-a uma luxuosa e espaçosa mansão de primeira dama romana, mereceu-lhe um pedestal de glória eterna.



Outros Santos do mesmo dia: S. Paulo de Narbone, S. Basílio de Ancira, S. Deográcias, B. Isnardo de Chiampo, S. Benvindo de Ósimo, B. Hugolino de Cortona, B. Francisco Charter, S. Calínica e Basílissa, S. Clemente Augusto von Galen e B. Mariano Gorecki e Bronislau Komoorowski.

domingo, 21 de março de 2010

SÃO NICOLAU DE FLÜE


São Nicolau de Flüe, Padroeiro da Suíça
Na Suíça alemã do século XV, um santo que aliou as virtudes de audaz guerreiro e hábil diplomata com extraordinário espírito eremíticopor Luís Carlos Azevedo

A sagrada liturgia celebra a 21 de março a festa de São Nicolau de Flüe.

Nasceu em 1417, em Flüeli, no cantão suíço de Unterwalden, de uma família de agricultores.
Era por natureza obediente, veraz e afável no trato com todos, mas especialmente amoroso da solidão. Sempre procurava lugares ermos em bosques e vales, para melhor recolher-se em oração.
Tinha dezesseis anos quando, atravessando o formoso vale do rio Melch, viu uma torre de singular estrutura, que se erguia da terra perdendo-se no céu. Considerou simbolicamente o fato: aquela torre isolada significava o edifício de sua vida espiritual e o que lhe convinha fazer para elevar-se até o seio de Deus. Entendeu que deveria, em algum lugar, entregar-se à vida solitária.
Numa outra ocasião, enquanto guardava seu rebanho, viu uma flor-de-lis magnífica, que saindo de sua boca se elevava até às nuvens, e depois, caindo na terra, era devorada por um cavalo. E compreendeu novamente, por essa visão, que a contemplação das coisas celestes nele era absorvida pelas preocupações desta terra. E novamente acalentou o desejo de levar vida solitária.
Guerreiro destemido e misericordioso
Ainda não havia completado vinte e três anos quando, a pedido de magistrados, brandiu armas em uma campanha empreendida contra o cantão de Zurique, que desejava separar-se da Liga Helvética. E novamente o fez quatorze anos mais tarde, comandando pessoalmente uma companhia de cem homens. Combateu com tamanha bravura que recebeu uma condecoração de ouro. Nessa ocasião, foi graças às suas exortações que os suíços desistiram de incendiar o mosteiro feminino de Katharinenthal, onde os inimigos se haviam refugiado. Razão pela qual até hoje sua memória é reverenciada naquele mosteiro como o libertador.

Na guerra, São Nicolau levava numa das mãos a espada e na outra o terço. Refulgia nele o esplendor do guerreiro destemido e misericordioso: protegia as viúvas e os órfãos, e jamais permitia que os vencedores se entregassem a atos de vandalismo em relação aos vencidos.
Foi eleito juiz e conselheiro em sua terra natal, ocupando durante dezenove anos essas funções, em meio à satisfação geral de seus concidadãos. Demitiu-se desses cargos para poder retornar à vida de oração.
São Nicolau, anacoreta
São Nicolau foi um autêntico asceta. Jejuava quatro dias por semana, e durante a Quaresma não comia nada quente, contentando-se com pão e frutas secas. Esse regime, longe de enfraquecê-lo, fortalecia-o.

Por insistência dos pais, casou-se e teve dez filhos, os quais, seguindo suas pegadas, chegaram às mais altas dignidades do país. Embora casado, seguia o mesmo regime de vida: levantava-se de madrugada para rezar durante duas horas, e recitava todos os dias os salmos em honra de Nossa Senhora.
N
o outono de 1467, com o consentimento da esposa, aos cinqüenta anos de idade, revestiu-se do traje de peregrino e chegou à cidade de Lichstall, no cantão de Basiléia. Dali dirigiu-se novamente para o vale do rio Melch e recolheu-se a uma gruta. Certa manhã, ao despertar, sentiu uma dor agudíssima varar-lhe o coração. A partir desse dia, nunca mais sentiu necessidade de beber nem de comer.
Algum tempo depois de sua reclusão, alguns caçadores o encontraram, manifestando-lhe a tristeza de seus familiares, advertindo-o de que morreria de fome e de frio, ou mesmo atacado por animais selvagens. Ao que ele respondeu: “Irmãos, não morrerei de fome, pois há onze dias não tenho comido nem bebido nada, e, entretanto, não sinto fome nem sede. Não temo também o frio nem os animais ferozes“.
Aproveitou a oportunidade para pedir que lhe enviassem um padre, a fim de se confessar e pedir alguns conselhos de que tinha necessidade.
Sua fama começou a crescer. E os habitantes da região chegavam cada dia em maior número até a gruta, a fim de recomendarem-se às suas orações. Consentiu em estabelecer sua cela no vale, junto à qual sua família fez edificar uma capela, onde um sacerdote todos os meses vinha celebrar Missa, ocasião em que São Nicolau comungava.
O Santo viveu nessas condições cerca de vinte anos, não tendo outro alimento senão a Sagrada Eucaristia.
As autoridades civis e eclesiásticas mobilizaram-se para certificar-se de que não havia fraude no que dizia respeito à sua alimentação. O Bispo de Constança enviou o Bispo de Ascalon para fazer essa averiguação. Este último chegou a Saxlen, abençoou a capela e entrou na cela de São Nicolau, perguntando-lhe qual era a primeira virtude do cristão.
O Santo respondeu: “É a obediência”. “Pois bem, ordeno-te em nome da obediência que comas em minha presença este pedaço de pão e bebas esta taça de vinho”, disse-lhe o Prelado. Nicolau obedeceu. Sobreveio-lhe então dor de estômago tão intensa que o Bispo julgou que iria morrer. Crendo no milagre, o Bispo lavrou um documento, no qual se lia, entre outras coisas, que “Nicolau retirou-se para um lugar ermo chamado Ranft, no qual se conservou com a ajuda de Deus sem tomar qualquer alimento, vivendo ainda ali e desfrutando, até a data em que este documento é escrito, de todas as suas faculdades, levando uma vida bastante santa, do que nós garantimos e afirmamos em toda verdade, por termos sido nós mesmo testemunha.Crescia dessa forma cada vez mais o número daqueles que acorriam para pedir orações e conselhos ao Santo.
Deus o favoreceu com o dom da profecia. Repetidas vezes advertiu o povo para que se premunisse contra a sedução de futuras novidades religiosas. Com efeito, dezenas de anos depois os erros de Lutero e Zwinglio lamentavelmente devastaram diversos cantões suíços.
São Nicolau, diplomata
Em 1477, com a derrota do duque francês de Borgonha, as tropas confederadas dos cantões suíços reuniram-se para deliberar sobre a divisão do espólio de guerra e a admissão das cidades de Solero e Friburgo na Confederação Helvética.

Sucedeu que a discussão e a divergência foram tão grandes que se receou a eclosão de uma guerra civil. O pároco de Stanz, amigo de São Nicolau, fez-lhe um relato do que acontecia naquela assembléia, pedindo-lhe que a ela acorresse a fim de serenar os ânimos. Ao entrar na sala, no momento da mais violenta disputa, todos se levantaram, abaixando a cabeça e mantendo silêncio para ouvi-lo.
O Santo saudou-os em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, dizendo ter sido chamado pelo comum amigo, o pároco de Stanz, “para vos falar a propósito de vossas discórdias, que podem desfechar na ruína da pátria. Sou um homem pobre e sem letras, mas quero vos aconselhar na sinceridade de meu coração, e vos falo como Deus me inspira. Desejo-vos enorme bem, e se eu fosse capaz de vo-lo dar um pouco, quereria que minhas palavras vos conduzissem à paz”.
Prosseguiu com palavras de tal modo eloqüentes e eficazes, que no mesmo momento as pesadas nuvens das desavenças se dissiparam. Após o que, serenamente, voltou para a placidez de sua ermida. Relatos daquela assembléia registraram que “todos os enviados devem, em primeiro lugar, fazer que todos conheçam a fidelidade, a solicitude e o devotamento manifestados pelo piedoso irmão Nicolau em toda essa questão. É a ele que se devem render graças por tudo quanto foi feito”.
A morte de um homem de Deus
Antes de morrer, Deus lhe enviou uma doença aguda, cujas dores penetravam-lhe até à medula dos ossos. Foram oito dias de agonia de intenso sofrimento.

A tudo isso suportou com católica resignação, exortando ainda os circunstantes a sempre se portar nesta vida de maneira a poder deixá-la com a consciência tranqüila: “a morte é terrível, mas ainda é mais terrível cair nas mãos do Deus vivo“.
Pressentindo a morte que chegava, o Santo, com grande ardor e piedade, pediu a Santa Comunhão e o Sacramento dos Enfermos. Junto de seu leito estavam todos os familiares e alguns amigos, que o viram entregar sua alma a Deus no próprio dia de seu aniversário natalício: 21 de março de 1487, aos setenta anos de idade.
Todo o povo enlutou-se com sua morte. As lojas fecharam, e em cada casa se chorava como se houvesse perdido o pai da família. E logo o Santo tornou-se célebre não apenas na Suíça, mas também na Alemanha, França e Países Baixos. Vários Papas aprovaram o seu culto. Seu processo de canonização iniciou-se em 1590, sendo interrompido diversas vezes. Foi canonizado por Pio XII em 1947.
Pedindo sua intercessão, rezemos sempre a pequena oração que São Nicolau de Flüe ensinava àqueles que o vinham procurar na gruta do vale de Melch: “Senhor, dai-me tudo o que me una a Vós e afastai tudo que me separe de Vós”.

sexta-feira, 19 de março de 2010

SÃO MARTINHO DE BRAGA


Martinho de Dume, Martinho Dumiense ou ainda Martinho de Braga (ou Martinho Bracarense) são os vários nomes por que é conhecido Martinho da Panónia, um bispo de Braga e de Dume considerado santo pela Igreja Católica.

Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente. De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, onde visitou o túmulo do seu conterrâneo Martinho de Tours. É tido como o apóstolo dos Suevos, responsável maior pela sua conversão do arianismo ao catoliscismo.

Estabeleceu um mosteiro numa aldeia das proximidades de Braga, Dume, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação. Estabeleceu a diocese de Dume (caso único na história cristã - confinada ao mosteiro a que presidia), da qual foi primeiro bispo e, depois, por vacatura da diocese bracarense, foi feito metropolita de Braga, então capital do reino suevo.

Reuniu o Concílio de Braga em 563, tendo proibido que se cantassem muito dos hinos e cantos de carácter popular que estavam incluídos nas missas e noutras celebrações. Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no Cantochão, mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da Igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.

Para além de batalhador pela ortodoxia contra os arianos, foi também um fecundo escritor. Entre as principais obras, citamos: Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios). Morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral de Dúmio. Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panônia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.

Martinho de Dume é também uma figura de capital importância para a história da cultura e língua portuguesas; de facto, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.

Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por Martinho e seus sucessores na subsituição dos nomes.

Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.

SÃO JOSÉ


osé é um personagem célebre do Novo Testamento bíblico, marido da mãe de Jesus Cristo. Segundo a tradição cristã, nasceu em Belém da Judéia, no século I a.C., era pertencente à tribo de Judá e descendente do rei Davi de Israel. No catolicismo, ele é considerado um santo e chamado de São José.

Segundo a tradição, José foi designado por Deus para se casar com a jovem Maria, mãe de Jesus, que era uma das consagradas do Templo de Jerusalém, e passou a morar com ela e sua família em Nazaré, uma localidade da Galiléia. Segundo a Bíblia, era carpinteiro de profissão, ofício que teria ensinado seu filho.

O Evangelho de Lucas atesta que o imperador Augusto ordenou um recenseamento em todo o Império Romano, que na época incluía toda a região, e a jovem Maria e seu esposo José se dirigiram a Belém, por ambos serem da Tribo de Judá e descendentes de Davi. Nessa época, reinava na Judéia Herodes, o Grande, monarca manipulado pelos romanos, célebre pela crueldade.

O texto do Evangelho deixa claro que José era o pai legal e certo de Jesus, pelo que (Mateus 1) é através de José que é referida a ascendência de Jesus até Davi e Abraão, embora o texto deixe inequívoco que ele não foi o pai biológico de Jesus. José quando encontrou Maria grávida "sem antes terem coabitado", "sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente", quando na época a lei bíblica vigente (Deuteronômio 22) prescrevia a lapidação (morte por pedradas) das adúlteras. Eis que, então, enquanto José dormia, apareceu-lhe, em sonho, um anjo que pede-lhe que não tema em receber Maria como sua esposa, "pois o que nela foi gerado é do Espírito Santo", passagem normalmente interpretada pelos cristãos como uma concepção sem necessidade de uma participação masculina e, desde que se a suponha também virgem, de uma concepção virginal (já por tradições judaicas, Jesus é referido como "mamzer", algo como bastardo). De qualquer forma, portanto, o Evangelho não deixa dúvidas de que não é "pela carne" que Jesus herda os títulos messiânicos de "filho de Davi" e "filho de Abraão" com o que Mateus abre o Novo Testamento.

O texto evangélico também é insistente —ao apresentar a genealogia de José e citar uma linha patrilinear que inclui os reis de Judá e vai até Davi e Abraão— em ressaltar terríveis impurezas morais na ancestralidade de José, o marido de Maria a mãe de Jesus. Entre tantos homens, somente quatro mulheres, além de Maria, são citadas por Mateus nessa lista genealógica: Tamar, Raabe, Rute e a mulher de Urias (Betsabé), respectivamente: uma incestuosa, uma prostituta, uma estrangeira (era proibido aos israelitas casarem-se com estrangeiras) e a que foi tomada como esposa pelo rei Davi, que para obter isso encomendou a morte de seu marido, Urias, significando aqui o assassinato e o adultério.

Nessa época, Maria, sua esposa deu à luz Jesus numa manjedoura, pois não encontraram outro local para se hospedarem em Belém. Devido a tirania do rei Herodes e de sua fúria em querer matar o menino Jesus por ter ouvido que havia em Belém nascido o Cristo (o Messias), a Biblia, no Evangelho de Mateus, refere que Deus, igualmente em sonho, orientou seu esposo José para que fugissem para o Egito. Assim, apenas nascido, Jesus já era um exilado, juntamente com José e Maria seus pais.

Posteriormente, tendo Herodes morrido, um anjo de Deus, igualmente em sonho, aparece a José e orienta-o para que regressem à terra de Israel "porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino". Ao regressar, tendo ouvido que Arquelau (Herodes Arquelau) reinava na Judéia no lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá e, por mais uma vez, em sonho, tendo sido prevenido por divina advertência, retirou-se para a região da Galiléia, voltando a família a residir em Nazaré.

O lugar que José ocupa no Novo Testamento é discreto: está totalmente em função de Cristo e não por si mesmo. José é um homem silencioso, e pouco aparece na Bíblia. Não se sabe a data aproximada de sua morte, mas ela é presumida como anterior ao início da vida pública de Jesus. Quando este tinha doze anos, de acordo com o Evangelho de Lucas (cap. 2), José ainda era vivo, sendo que em todos os anos a família ia anualmente a Jerusalém para a festa da Páscoa. Na Páscoa desse ano, "o menino Jesus permaneceu em Jerusalém sem que seus pais soubessem", os quais "passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos" e, por fim, o reencontraram no Templo da Cidade Santa "assentado entre os mestres, ouvindo-os e interrogando-os, os quais se admiravam de sua inteligência e de suas respostas". "Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados" e Maria, sua mãe, diz-lhe: "Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura", sendo essa sua última referência a José estando vivo.

São José é um dos santos mais populares da Igreja Católica, tendo sido proclamado "protetor da Igreja católica romana"; por seu ofício, "padroeiro dos trabalhadores" e, pela fidelidade a sua esposa, como "padroeiro das famílias", sendo também padroeiro de muitas igrejas e lugares do mundo.



quinta-feira, 18 de março de 2010

SÃO CIRILO DE JERUSALÉM

18 DE MARÇO
São Cirilo de Jerusalém (315 - 386), foi bispo da Igreja de Jerusalém em sucessão ao bispo Máximo, no ano 348.

Ofereceu forte oposição à heresia Ariana, a qual negava a Trindade, ou seja, o conceito cristão de um só Deus em três pessoas co-eternas e iguais – Pai, Filho e Espírito Santo – e preferia o paradigma de um só Deus absoluto, cujo Filho era Jesus, distinto, inferior ao Pai, gerado por e sujeito a Ele e o Espírito Santo como sendo meramente o poder despersonificado de Deus.
Em razão disto foi condenado ao exílio pelos seguidores desta corrente de pensamento teologico, a qual mais tarde foi refutada pelo imperador Constantino com um edito.

É considerado grande doutor e apologista da Igreja.

quarta-feira, 17 de março de 2010

SÃO PATRÍCIO

17 DE MARÇO

São Patrício (38617 de Março de 493) foi um missionário cristão e santo padroeiro da Irlanda, juntamente com Santa Brígida de Kildare e São Columba.

Nascido na costa oeste da Grã-Bretanha, a pequena localidade galesa de Banwen é frequentemente referida como seu lugar de nascimento, embora haja muitas hipóteses sobre este facto. Quando tinha dezesseis anos foi capturado e vendido como escravo para a Irlanda, de onde escapou e retornou à casa de sua família seis anos mais tarde. Iniciou então sua vida religiosa e retornou para a ilha de onde tinha fugido para pregar o Evangelho. Converteu centenas de pessoas, muitas delas se tornaram monges. Para explicar como a Santíssima Trindade era três e um ao mesmo tempo utilizava o trevo de três folhas e por isso o mesmo tem papel importante na cultura Irlandesa. Foi incentivador do sacramento da confissão particular, tal como conhecemos hoje, visto que antes o mesmo era realizado de forma comunitária. Um século mais tarde essa prática se propagou para o restante da Europa.

Muito reverenciado nos Estados Unidos devido ao grande número de imigrantes irlandeses. Em Manhattan, Nova Iorque, há uma catedral com o seu nome, sede da arquidiocese da metrópole. No dia 17 de março há diversas comemorações na Irlanda e nos Estados Unidos, conhecidas como paradas de São Patrício, onde ocorrem festejos e desfiles em memória do santo, sendo essa a principal forma de afirmação do orgulho dos imigrantes e descendentes de irlandeses na América.

terça-feira, 16 de março de 2010

SÃO JULIÃO DE ANAZARBUS

16 DE MARÇO
São Julião de Anazarbus (também conhecido como Julião da Cilícia e Julião de Tarsus) é um santo canonizado pela Igreja Católica, aos 18 anos, era filho de um senador quando foi preso por ser cristão, durante o reinado de Diocleciano. Resistiu a tormentos, foi depois submetido a um período em que tentaram pervertê-lo por métodos suaves, foi depois conduzido por vilas e aldeias da região, para que todos os pagãos zombassem dele. Mas nada o demoveu de sua fidelidade a Jesus Cristo. Foi, afinal, lançado ao mar, dentro de um saco, com serpentes venenosas e escorpiões

segunda-feira, 15 de março de 2010

SÃO CLEMENTE MARIA HOFBAUER

15 DE MARÇO

São Clemente Maria Hofbauer

Conhecido tambem pelo seu nome moraviano John Dvorák e pelo nome de João Clemente Maria Hofbauer.

Ele nasceu em 26 de dezembro de 1751 em Tasswitz, Morávia como John Dvorák.

Ele era a nono filho de um açougueiro que mudou o nome de família do moraviano Dvorak para o germânico Hofbauer. Seu pai morreu quando Clemente tinha seis anos. Um pouco mais tarde ele sentiu o chamado para a vida religiosa mas sua família era muito pobre para pagar a sua educação. Ele então se tornou um aprendiz de padeiro e mais tarde como padeiro foi trabalhar com os eremitas no monastério de Bruck.

Quando os eremitas foram abolidos pelo Imperador José II, Clemente trabalhou como padeiro em Viena, Áustria. Mais tarde foi um eremita na Itália com Peter Kunzmann e tomou o nome de Clemente. Ele fez varias peregrinações a Roma. Durante sua terceira ele entrou o para o a Ordem dos Redentoristas em San Guliano e adicionou o nome de Maria passando a se chamar Clemente Maria Hofbauer. Ele se encontrou com algumas pessoas durante uma missa que decidiram pagar pela sua educação.

Ele estudou na Universidade de Viena e em Roma. Ordenado em 1785 ele foi designado para Viena.

Missionário em Varsóvia com vários companheiros de 1786 a 1808, trabalhando com os pobres e construindo escolas, ele e os irmãos pregavam às vezes até cinco sermões por dia. Dali ele enviou missionários Redentoristas para a Alemanha e Suíça. Seus companheiros foram aprisionados em 1808 quando Napoleão suprimiu as ordens religiosas e os expulsou da Áustria.

Um notável pregador e diretor espiritual em Viena Clemente era diretor espiritual do Convento das Irmãs Ursulinas. Ele fundou um colégio católico em Viena, trabalhou com os pobres e ajudou a revitalizar a vida religiosa na Alemanha. Trabalhou contra o estabelecimento de Igreja Nacional Germânica e contra o Josephinismo que queria o controle secular do Clero e da Igreja.

Ele faleceu em 15 de março de 1820 na Áustria, Viena.

É considerado o segundo fundador da Congregação do Santíssimo Redentor.

Foi beatificado pelo Papa Leão XIII em 29 de janeiro de 1888 e canonizado em 1909 pelo Papa Pio X.

Foi indicado padroeiro de Viena pelo Papa Pio X em 1914.

domingo, 14 de março de 2010

SANTA MATILDE

14 DE MARÇO
A Santa deste dia foi muito conhecida como esposa de Henrique I, rei da Alemanha e mãe de Otão I, imperador, porém amada e reconhecida no Cristianismo pela sua santidade de vida. Santa Matilde nasceu no ano de 890 dentro de uma nobre família que lhe proporcionou educação no convento das beneditinas.
Santa Matilde casou-se com Henrique e tornou-se rainha com espírito de serviço, pois estava cheia do Espírito Santo. Os cinco filhos que Deus lhe concedeu educou-os com amor, quanto ao marido pôde ajudá-lo com seu exemplo e intercessão.
Com a morte do esposo Santa Matilde disse aos filhos: "Meus queridos filhos, gravai bem no vosso coração o temor de Deus. Ele é o Rei e Senhor verdadeiro, que dá poder e dignidade perecíveis...Feliz aquele que prepara sua eterna salvação".
A partir da morte do marido o seu calvário começou, ao ponto de ser traída pelos filhos, com a falsa acusação de que estaria esbanjando os bens com os pobres.
Retirada num convento e intercedendo pelos seus amados filhos, Santa Matilde conseguiu para os filhos o arrependimento e a conversão, a partir desta graça recuperou também o benefício para o povo pobre e aos doentes que ela mesma tratava com as próprias mãos.
No ano de 968, Matilde pegou uma grave doença que a levou para o Céu.


Santa Matilde...rogai por nós!

sexta-feira, 12 de março de 2010

SÃO NICÉFORO

13 DE MARÇO

São Nicéforo é um santo Católico, Patriarca de Constantinopla, nasceu em 828 d.C.. na cidade de Constantinopla, sendo considerado mártir, pela sua devoção à religião.

Isso ocorreu por ter defendido o culto às imagens sagradas contra a heresia dos iconoclastas.

É honrado como mártir pelo muito que sofreu, nas perseguições de que foi vítima por sua fidelidade à doutrina e ao espírito da Igreja, vindo a falecer no desterro. Pena essa aplicada a quem desrespeitava as normas do Estado na época.

Por sua integridade e dedicação à caridade e bom teólogo, embora não fosse sacerdote e sim secretário do Imperador durante o Império Bizantino e em 806, foi nomeado Patriarca de Constantinopla.

Sua elevação espiritual fora sempre notada pela sua dignidade e religiosidade, mostrando-se inflexível às intromissões dogmáticas dos imperadores, na época tão comum, os quais tentavam subordinar a Igreja à soberania real, causando grandes discussões teológicas.

Fato esse, somado ao descontentamento existente na época em relação a Roma, levou a separação ou cisão da Igreja Oriental da Comunhão ou a atual Igreja Ortodoxa Romana com a Igreja Cristã, cuja a sede ficava em Roma.

Por sua inflexibilidade em não trair sua consciência diante da sua fidelidade ante à Igreja, foi desterrado em 815 até o ano de 829 ano de sua morte.

SANTO INOCÊNCIO

12 DE MARÇO
Santo Inocêncio foi mártir no III sec. d.C, um jovem cidadão romano que morreu decapitado (teve sua cabeça cortada), por não recusar a sua profissão de fé em Cristo. Por causa deste testemunho Santo Inocêncio é considerado um Mártir pela Igreja. Ele é contemporâneo de Santa Cecília,São Sebastião,São Lourenço, São Tarcísio e Santa Inês. Suas relíquias (restos mortais de seu corpo, ossos da perna, braços, tórax e crânio), foram depositadas pelos primeiros cristãos no século III, nas catacumbas de São Calixto em Roma, como era de costume na época.

A autorização para remoção do corpo de Santo Inocêncio Mártir das catacumbas foi expedida por ordem do Papa Leão XII, mas retirados de fato no ano de 1833, quatro anos após a morte de Leão XII. A relíquia de Santo Inocêncio foi doada ao Pe. Francesco Antonio Baccari, juntamente com as relíquias de São Benedito (Bento) Mártir e São Tigrino Mártir, o qual enviou tais relíquias à cidade italiana de Lendinara. Os corpos dos três santos foram expostos na Igreja de Santa Águeda, onde Santo Inocêncio ficou no altar principal,São Bento no altar de Sta. Águeda, e Santo Tigrino no altar da Imaculada.

Quase nada se sabe da vida desses santos, porém a palavra “Mártir” gravada sobre a tumba de cada um, e a pedra com traço de sangue encontrada ao lado de cada corpo nas Catacumbas de São Calixto, indicam claramente que se trata de heróicas testemunhas da fé em Cristo, e isto justifica a veneração pública prestada à memória dos mesmos e as suas relíquias. As roupas de Santo Inocêncio e dos demais mártires, foram confeccionadas pela senhorita Teresa Mischiatti e com o auxílio dO Frei Giovani Paolo Peruzzo de Cismon. A respeito do modelo da roupa de Santo Inocêncio, Frei Eusébio Bulfon explica:

Todos os corpos das diversas igrejas estão vestidos segundo um corte, bastante curioso, isto é, como soldados romanos com o elmo na cabeça (alguns) e a couraça; estão deitados sob um leito, como se estivessem descansando, os rostos são modelados em cera, assim como as mãos, os braços e as pernas. Trata-se de um trabalho, mais que artístico, fantasioso de gosto popular."

Mas tais roupas não são as atuais que revestem o corpo de cera de Santo Inocêncio. Segundo registros documentais, durante os meses de abril e maio de 1975, as suas vestes foram substituídas, uma vez que estavam corrompidas pela ação do tempo. Por sua vez as irmãs de São Bartolomeu de Rovigo (região da Itália), confeccionaram as atuais roupas que revestem o mártir.

quinta-feira, 11 de março de 2010

SANTO EUGÊNIO

11 DE MARÇO

Mártir
Nascido em Córdova, Espanha, no século VIII, descobriu seu chamado ao sacerdócio e fez um ótimo caminho formativo, também nas aŕeas da ciência, aprofundando-se nas ciencias teológicas.

Era um homem de muito estudo, oração e amor.

A Espanha foi afetada por invasões e o príncipe perseguia cruelmente a Igreja, prendendo e matando a muitos cristãos.

Eulógio deixou muitos escritos, com testemunhos de mártires e santos, assim como obras apologéticas e a ‘Exortação ao martírio’, que escreveu na prisão.

Ele foi decapitado no dia 11 de março de 859, recebendo a coroa da vida imortal.

Santo Eulógio, rogai por nós!

quarta-feira, 10 de março de 2010

QUAREANTA SANTOS MÁRTIRES DE SEBATE


10 DE MARÇO

O martírio dos quarenta legionários ocorreu no ano 320, em Sebaste, na Armênia. Nessa época foi publicada na cidade uma ordem do governador Licínio, grande inimigo dos cristãos, afirmando que todos aqueles que não oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos seriam punidos com a morte. Contudo se apresentou diante da autoridade uma legião inteira de soldados, afirmando serem cristãos e recusando-se a queimar incenso ou sacrificar animais. Para testar até onde ia a coragem dos soldados, o prefeito local mandou que fossem presos e flagelados com correntes e ferros pontudos.

De nada adiantou o castigo, pois os quarenta se mantiveram firmes em sua fé. O comandante os procurou então, dizendo que não queria perder seus mais valorosos soldados, pedindo que renegassem sua fé. Também de nada adiantou e os legionários foram condenados a uma morte lenta e extremamente dolorosa. Foram colocados, nus, num tanque de gelo, sob a guarda de uma sentinela. A região atravessava temperaturas muito baixas, de frio intenso. Ao lado havia uma sala com banhos quentes, roupas e comida para quem decidisse salvar a vida. Mas eles preferiram salvar a alma e ninguém se rendeu durante três dias e três noites.

Foi na terceira e última noite que aconteceram fatos prodigiosos e plenos de graça. No meio da gélida madrugada, o sentinela viu uma multidão de anjos descer dos céus e confortar os soldados. Isto é, confortar trinta e nove deles, pois um único legionário desistira de enfrentar o frio e se dirigira à sala de banhos. Morreu assim que tocou na água quente. Por outro lado, o sentinela que assistira à chegada dos anjos se arrependeu de estar escondendo sua condição religiosa, jogou longe as armas, ajoelhou-se, confessou ser cristão tirando as roupas e se juntou aos demais. Morreram quase todos congelados.

Apenas um deles, bastante jovem, ainda vivia quando os corpos foram recolhidos e levados para cremação. A mãe desse jovem soldado, sabendo do que sentia o filho, apanhou-o no colo e seguiu as carroças com os cadáveres. O legionário morreu em seus braços e teve o corpo cremado junto com os companheiros.

Eles escreveram na prisão uma carta coletiva, que ainda hoje se conserva nos arquivos da Igreja e que cita os nomes de todos. Eis todos os mártires: Acácio, Aécio, Alexandre, Angias, Atanásio, Caio, Cândido, Chúdio, Cláudio, Cirilo, Domiciano, Domno, Edélcion, Euvico, Eutichio, Flávio, Gorgônio, Heliano, Helias, Heráclio, Hesichio, João, Bibiano, Leôncio, Lisimacho, Militão, Nicolau, Filoctimão, Prisco, Quirião, Sacerdão, Severiano, Sisínio, Smaragdo, Teódulo, Teófilo, Valente, Valério, Vibiano e Xanteas.

terça-feira, 9 de março de 2010

SÃO DOMINGOS SÁVIO

9 DE MARÇO

Domingos Sávio, em italiano: Domenico Savio, (Riva presso Chieri, 2 de abril de 1842Mondonio di Castelnuovo d'Asti, 9 de março de 1857) foi aluno de São Bosco, e toda a sua vida foi composta por uma busca da santidade segundo a fé católica.

O amado e jovem Domingos Sávio teve uma vida de muita sensibilidade e em pouco tempo percorreu um longo caminho de santidade, obra mestra do Espírito Santo e fruto da pedagogia de são João Bosco.

Nasceu em uma família pobre em bens materiais (ferreiro e costureira) porém rica de fé. Sua infância ficou marcada pela primeira comunhão (que era normal ser feita aos doze anos), feita com a fervor aos sete anos, e se distingue pelo cumprimento do dever em seu lema: "Prefiro morrer a pecar".

Aos doze anos de idade ocorreu um fato decisivo em sua vida:o encontro com São João Bosco, que o acolhe, como padre e diretor, em Valdocco (Turim) convidando-o para cursar os estudos secundários. Ao descobrir então os altos ideais de sua vida como filho de Deus, apoiando-se na amizade com Jesus e Maria, lança-se à aventura da santidade, entendida como entrega total a Deus. por amor. Reza, coloca empenho nos estudos, sendo o companheiro mais amável. Sensibilizado no ideal de são João Bosco, "Dai-me almas" deseja salvar a alma de todos e funda a companhia da Imaculada, da qual sairão os melhores colaboradores do fundador dos salesianos. Tomado por uma grave enfermidade aos quinze anos, regressa ao lar paterno da aldeira de Mondonio (município de Castelnuovo d'Asti), onde morre serenamente com a alegria de ir ao encontro do Senhor, exclamando aos seus pais: " adeus queridos pais, estou tendo uma visão linda! Que lindo!"

O papa Pio XII o proclamou santo em 12 de junho de 1954.

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